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Panhispanismo : tensões, desvios, encontros

A palavra panhispanismo apareceu algumas décadas depois das análogas de pangermanismo, paneslavismo ou panlatinismo, no momento em que a Espanha  perdia as suas últimas possessões  ultramarinas. Ao longo do século XX, o termo panhispanismo coabitou com outras palavras, mais ou menos equivalentes, como hispano-americanismo, ibero-americanismo, hispanismo ou mesmo hispanidade, termos com significação mais restrita, tais como hispanoafricanismo e hispanojudaísmo, oumesmo palavras alternativas como pancatalanismo ou paniberismo. A palavra panhispanismo  designou especialmente a língua, na medida em que constitui o denominador comum de um conjunto de territórios nos quais se utiliza  espanhol de maneira mais ou menos preponderante. Retomado durante o 1° Congresso de Instituições Hispânicas, que se realizou em Madrid em 1963, o termo  panhispanismo  voltou ainda com mais vigor em 2004. Foi no ano do 3° Congresso Internacional da Língua Espanhola organizado pelo Instituto Cervantes, a Real Academia Espanhola (RAE) e a Associação de Academias da Língua Espanhola (ASALE), cujo tema foi a identidade linguística e a globalização, ano em que também se publicou o fascículo La nueva política lingüística panhispánica, que as  duas últimas instituições redefiniram a sua política linguística. Doravante a RAE e a ASALE não insistiriam mais na pureza da língua, mas sim na sua unidade, o único aspeto que permitiria « falar da comunidade hispanófona » sem no entanto banir as « variedades internas » do idioma e da sua « evolução ».

O objetivo do próximo simpósio internacional da SHF é questionar, debater e trocar ideias, a partir de abordagens e perspetivas diversas, sobre a noção e a realidade do panhispanismo. De facto, este termo é cada vez mais convocado no discurso das instituições dedicadas à língua e à cultura  hispânicas, assim como no discurso das personalidades  públicas, na imprensa, no ensino e, evidentemente, na investigação sobre a história mais ou menos recente dos mundos hispanófanos. Como evidenciam as pesquisas mais atuais, a noção e a realidade deste panhispanismo estão sujeitas a  tensões, desvios e encontros diversos e variados : com outras línguas, nomeadamente as línguas ditas indígenas, vernáculas, regionais ou minoritárias dos diferentes territórios e espaços hispanófanos, mas também com a língua inglesa ; com as variedades do próprio espanhol; as políticas linguísticas, públicas, nomeadamente nos países em causa ; as políticas memoriais e a memória dos povos em geral ; o ensino da língua, tanto como  língua nativa ou como língua estrangeira ; a criação literária, a escrita científica, jornalística e a edição; os desafios da internet,  das redes sociais e de outras tecnologias  da comunicação… O hispanismo, o lusitanismo o galeguismo o catalanismo et o americanismo são abrangidos por esta temática que se declina em várias abordagens disciplinares : lexicografia, dialetologia, didática da língua, análise do discurso, glotopolítica, sociolinguística, estudos culturais, estudos pós-coloniais, estudos cinematográficos e história em geral.

 

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